Briófitas
Características das briófitas
Briófitas (do grego: bryon =
musgo; phyton = planta).
As briófitas compreendem os vegetais terrestres morfologicamente mais simples,
possuindo clorifilas "a" e "b". Conhecidas popularmente
como "musgos" (filo Bryophyta) ,
"antoceros" (filoAnthocerophyta) ou
"hepáticas" (filo Hepatophyta), ocupam
caracteristicamente ambientes úmidos (adaptação à falta de vasos condutores),
por serem dependentes da água para a fecundação, no deslocamento de
anterozóides flagelados até a oosfera. Algumas porém, são resistentes à falta
de água, podendo o gametófito sobreviver por meses de sêca (por exemplo, nos
desertos). Assim como os liquens, são colonizadoras de rochas e também
sensíveis à poluição, funcionando como bio-indicadoras.
Atualmente, considera-se que as briófitas representam um grupo de transição
entre as algas verde (carófitas) e as plantas vasculares; tais algas
apresentam, como as plantas, cloroplastos com grana bem desenvolvidos e células
móveis assimétricas, com flagelos laterais; além disso, na ordem Coleochaetales, os zigotos ficam retidos dentro do
talo parental e, ao menos uma espécie, apresenta células de transferência, como
as plantas. As briófitas se distinguem das carófitas, por algumas
características como: presença de gametângios masculino e feminino (anterídio e
arquegônio) e esporângios revestidos por uma camada protetora de células
estéreis, embrião desenvolvendo-se no interior do arquegônio e esporos contendo
esporopolenina, entre outras.
As briófitas apresentam alternância de gerações entre gametófto ramificado
fotossintetizante (independente) e esporófito não ramificado (dependente, ao
menos em parte, do gametófito). O espórófito (2n), resultante da união de dois
gametas (n), origina, após ocorrência de meiose (R!) no tecido esporógeno,
esporos haplóides (n). Esses, por sua vez, ao serem liberados das cápsulas e
encontrarem substrato adequado, germinam, originando novos gametófitos (n).
Os antóceros e muitas hepáticas são talóides, isto é, seus gametófitos são geralmente
achatados e dicotomicamente ramificados, formando talos (corpos
indiferenciados, não formando raízes, folhas ou caules). Esses talos são
frequentemente delgados, facilitando a absorção de CO2. Alguns
representantes, como o gênero Marchantia (uma hepática) possuem adaptações (no
caso, poros superficiais) para aumentar a permeabilidade desse gás. Marchanthia apresenta, além de anterídios e
arquegônios, conceptáculos com estruturas germinativas, chamadas gemas, que
podem originar novas plantas.
Os gametófitos dos representantes do Filo Bryophyta são formados por
rizóides, filóides e caulóides e podem ser talosos (quando não se distingue o
filóide do caulóide) ou folhosos. Alguns autores admitem uso dos termos
"folhas" e "caule", em referência aos caulóides e filóides
de algumas hepáticas folhosas e musgos pois, apesar de ocorrerem na geração
gametofítica e não possuírem vasos condutores, alguns de seus representantes
contêm fileiras de células localizadas centralmente, as quais parecem ter função
de condução. Já os rízóides possuem apenas função de fixação. Os musgos, em
particular, possuem tricomas e outras adaptações que contribuem para o
transporte de água externa e sua absorção pelas folhas e caules. Além disso,
elas também abrigam fungos e cianobactérias que podem auxiliar na obtenção de
nutrientes.
No ápice dos gametófitos surgem os arquegônios, onde se diferenciam o gameta
feminino (oosfera) e os anterídios, onde se diferenciam gametas masculinos
(anteozóides).
O zigoto germina sobre a planta-mãe e o esporófito resultante permanece ligado
a ela por toda a vida.
Essas plantas não possuem xilema e floema; embora alguns representantes possuam
células condutoras especializadas, estas não são lignificadas, como as das
plantas vasculares.
Os esporófitos nunca são ramificados e, na maioria das briófitas, são
constituídos de pé, seta e cápsula. São divididos em:
· Pé: imerso, através da placenta, no
arquegônio do gametófito; é responsável pela absorção de substâncias que irão
nutrir o esporófito;
· Seta: sustenta a cápsula
· Cápsula: esporângio contendo grande quantidade de esporos; no Filo Bryophyta, pode estar parcial ou totalmente coberta pela
caliptra, que é formada por restos de tecido do arquegônio e fornece uma
proteção adicional.
Anatomia de Briófitas
As células das briófitas são interligadas por plasmodesmos, semelhantes aos das
plantas vasculares, ou seja, possuem um desmotúbulo, derivado de um segmento
tubular do retículo endoplasmático, o qual fica retido entre as placas
celulares em formação, durante a citocinese. Como as células das plantas
vasculares, também apresentam muitos plastídios pequenos e discóides. De outro
modo, as células apicais e as reprodutivas apresentam um único grande
plastídio. Os pesquisadores acreditam que esta última seja uma característica
herdada de algas verdes ancestrais.
Reprodução
As únicas células flageladas das briófitas são os anterozóides (gametas
masculinos flagelados), que se encontram dentro de uma estrutura presente no
gametófito (geralmente exclusivamente masculino), o anterídio. Essa estrutura é
esférica ou alongada, geralmente pedunculada, e composta de uma camada externa
de células estéreis que envolvem as células espermatógenas. Os anterozóides
necessitam de água para alcançar a oosfera, o gameta feminino, localizado na
porção basal de uma estrutura em forma de garrafa, arquegônio, que está
localizada no gametófito (geralmente exclusivamente feminino). Quando a oosfera
amadurece, ocorre uma desintegração das células centrais na parte anterior do
arquegônio, o colo (células do canal do colo), resultando num tubo preenchido
com um líquido, através do qual o anterozóide poderá nadar até a oosfera,
atraído por certas substâncias.
O zigoto, assim formado, permanece no arquegônio, sendo nutrido por açúcares,
aminoácidos e outras substâncias, provenientes do gametófito feminino. Após
sucessivas divisões, forma-se o embrião, que irá originar o esporófito (geração
esporofítica). Como não existem plasmodesmos (conecções intra-celulares)
ligando as duas gerações, o transporte de substâncias é feito via apoplasto
(pelos espaços inter-celulares) e a existência de uma placenta o facilita. Esta
placenta é composta por células de transferência, que formam um grande
emaranhado intrusivo altamente ramificado, o que aumenta bastante a área de
absorção da membrana plasmática, através da qual o transporte ativo de
nutrientes ocorre.
Fonte: Universidade Santa Cecília
|